Primogênito

O 2023 está sendo o melhor ano da minha vida, também de oscilações entre o sossego e a tempestade, pois tenho me testado de muitas formas... Agora, uma convicção é certa: a melhor surpresa foi a de ter me tornado...

PROFESSOR.

Sim. É diferente do que muitas pessoas pensam e sentem, mas a profissão de educador é linda (sem romantizar). Não tem retorno mais lindo que aquele em que você vê um monte de adolescentes aprendendo e entendendo o que você fala, como aconteceu no minicurso de redação, hoje, a gurizada toda percebendo a repetição de palavra, a falta de acentos, vírgulas... É de umedecer os olhos.

O mais louco foi como tudo aconteceu, porque eu sonhei com tudo isso, então era para ser (sou muito cristão e acredito nos planos de Deus🙏). 

O início foi desafiador, pois vi muitos olhares intimidadores voltados para mim, não sei se de ódio (pois havia um professor novo), de tristeza (pois havia um professor novo) ou de felicidade (pois havia um professor novo). O que eu sei é que dei a cara a tapa e fui. Fui. Fui bem recebido e cá estou até hoje por 6 meses, beirando os 7. 

Toda semana tenho desafio, afinal a Língua Portuguesa é, como cantada todos os instantes, "a língua mais difícil do mundo", o que não é mentira, mas é meu papel deixar o mais "mamão com açúcar" possível. Lembro-me da aula de Figuras de Linguagem, que foi dada pertinho do final do 2º bimestre e chegou na parte da antonomásia, com a figura do Michael Jackson e os alunos assim: 

No começo, eu fiquei com todos os terceiros anos, de quem tenho um apego muito grande, segundos anos e um primeiro ano, minhas crianças. Hoje, tenho mais turmas, duas se foram, das que mais tenho aquele apego (até chorei no último dia, quando cheguei em casa), mas ficou um carinho muito grande, pois sempre ouço um "oi, tio" dos corredores da escola. 

O que eu quero dizer com tudo isso? Eu me sinto feliz sendo professor. A profissão tem os seus percalços, assim como qualquer uma, mas estou realizado. Fico sem voz no fim da semana? Sim. Mas só quem sente essa alegria, sabe do que eu tô falando, principalmente quando você se sente abraçado com as palavras dos alunos. Imagina ouvir um "sinto sua falta", "você é um ótimo professor", "aprendi muito com você" ou até "me dá um abraço?", que massa é essa sensação!

Conversamos sobra NBA, Futebol, k-pop, o episódio horrível de Naruto, o melhor jogo de PS2, aquele filme de terror que vai ser lançado, reclamamos da taxação, fazemos debates, rimos de figurinhas e até fazemos planos impossíveis, tipo aquele de esperar que o preço do console baixe. 

Cada aluno e aluna é um universo diferente. São sedes, inconformidades, alegria e vontades diferentes e esse é a maior dádiva da profissão: fazer parte da história de cada história.

Eu encerro esse pedaço de memória, de muitas que virão, com um sorriso: eu fiz amigos. Conversamos no pátio, na sala, no corredor, nas redes sociais e o carinho sempre será mútuo. Não vim aqui romantizar a "professão", pois sei dos desafios que passamos em sala de aula (e que não são poucos, de um planejamento até chegar no ato final), mas de contar a versão da minha história.

A gente ainda vai se ver muito.

primeiro dia na escola (darth vader para dar sorte. E num é que deu?)